A Light confirmou ao mercado a notícia, antecipada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim, de que busca um caminho para desistir da recuperação judicial. Em resposta a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado, a empresa afirmou que seu Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada no último dia 4, a elaboração de um plano para sair da recuperação judicial.
Em texto assinado por Eduardo Gotilla, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Light, a empresa afirma que vai informar o mercado a respeito de desdobramentos desta decisão.
“A companhia reforça que manterá seus acionistas e o mercado em geral informados a respeito dos aspectos relevantes e significativos de seus negócios, incluindo aqueles relacionados ao tema acima (a saída do processo de recuperação)”, diz a nota.
A entrada da Light em recuperação judicial foi considerada controversa desde o início, já que a lei veda a concessionárias de energia elétrica a possibilidade de recorrer ao mecanismo de proteção contra credores.
Com R$ 11 bilhões em dívidas, o caminho foi ingressar com o pedido na Justiça em nome da holding, e não da concessionária.
Desde então, a empresa passou por mudanças com a eleição de um novo Conselho de Administração, com forte peso de nomes indicados pelo empresário Nelson Tanure, que se tornou o principal acionista da companhia, lado de Ronaldo Cezar Coelho e Carlos Alberto Sicupira.
Uma questão chave para o futuro da empresa é a renovação do contrato de concessão da Light Sesa, distribuidora de energia do grupo no Rio, que vence em 2026. Para isso, a companhia precisa provar ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a sustentabilidade de suas operações.
A avaliação é que este seria um caminho mais difícil a percorrer em razão das amarras previstas em um processo de recuperação judicial. A estratégia agora é buscar uma negociação direta com os credores. Além disso, segundo fontes, havia algum nível de divergência entre a visão do conselho e a da diretoria executiva à frente da companhia.
A mudança de rumo foi recebida com surpresa pelos credores, mas alguns dos que têm valores significativos a receber não tinham “digerido” bem a saída da recuperação judicial. Havia temor de que o caso Light desse margem para que outras concessionárias do setor elétrico seguissem o caminho de recorrer à Justiça para se proteger de credores.
Apesar da mudança de rumo, interromper um processo de recuperação judicial em curso vai exigir alguns procedimentos da empresa. Daí a necessidade de aprovar um plano. Para ter garantia de sucesso adiante, a empresa primeiro quer chegar a um consenso com parcela relevante dos credores.
Além disso, será preciso apresentar solicitação formal à Justiça, que deve convocar uma assembleia de credores para deliberar sobre o tema.