Além de mais agilidade, as negociações extrajudiciais têm garantia de deságio para liquidação dos passivos

Com os impactos negativos da Pandemia atingindo mais da metade das empresas ativas do país, ter acesso a crédito passou a ser essencial para retomada das atividades neste momento. O que grande parte dos empresários não sabe, entretanto, é que ter um intermediador para negociar com os credores pode reduzir o custo das dívidas e agilizar a contratação de empréstimos.
Mesmo sem acionar a Justiça, a presença de um escritório de advocacia nas negociações com o aporte de fundos parceiros tende a facilitar a recuperação administrativa, o deságio do passivo e ainda o acesso a crédito. Isso porque, de acordo como advogado Antônio Frange Júnior, o especialista pode analisar quais são as alternativas viáveis e negociar as dívidas sem expor o empresário e garantindo as melhores condições.
“Nem sempre a recuperação judicial é a melhor alternativa. Por uma questão de custos e de tempo, partir para negociação direta com os credores pode ser o caminho mais rápido e barato. E mesmo sendo extrajudicial, os empresários podem contar com o deságio no valor das dívidas devido à participação dos fundos que dão as garantias exigidas pelas instituições financeira”, como explica Frange Júnior.
Além de identificar as alternativas, o escritório pode auxiliar na contratação de fundos para garantir o pagamento das dívidas. “Os bancos tendem a facilitar as negociações quando há participação de fundos de investimentos, que também passam a atuar como financiadores das empresas, muitas vezes com taxas mais competitivas dos que das instituições financeiras tradicionais”, afirma o advogado Antônio Frange Júnior.
Frange explica que os planos de reestruturação de dívidas para empresas são uma alternativa mais flexível, uma vez que não precisam da inclusão de todos os credores, mas apenas daqueles que optam pelo acordo de forma facultativa. “Nestes casos, o acordo é submetido voluntariamente pelas partes ao aval judicial e assim tende a ser mais barato e ágil. Mas vale destacar que não entram nesta modalidade os passivos trabalhistas”, resume o especialista.
Raio X – Segundo o levantamento realizado pelo IBGE, Pesquisa Pulso Empresa, o setor de Serviços foi o que mais sentiu os impactos negativos, com 65,5% dos entrevistados afetados e destaque para o segmento de Serviços prestados às famílias, com 86,7%. No Comércio, 64,1% relataram efeitos negativos e na Construção, 53,6%. No setor industrial, 48,7% das empresas destacaram impacto negativo, enquanto para 24,3% o efeito foi pequeno ou inexistente e para 27,0% o impacto nessa quinzena foi positivo.
Uma pesquisa do Sebrae revelou que 39% dos pequenos empresários buscaram empréstimos na pandemia, porém somente 15% deles conseguiram. O CPF negativado ou entraves no Serasa são apontados como principais motivos, divulgou uma reportagem da Folha de S. Paulo.
No Campo – A pesquisa realizada pelo IBGE, Pulso Empresa, não aferiu os impactos da Pandemia no setor rural, mas o advogado Antônio Frange Júnior explica que apesar do setor ter mantido grande parte das vendas, a dolarização das dívidas tem provocado o endividamento de muitos produtores. “Assim como os negócios urbanos, os empreendimentos rurais também podem se lançar de alternativas legais para renegociar seus passivos e retomar o acesso ao crédito”, salienta.